Relações socioculturais, ambientais e tecnológicas rurais;
Incertezas na construção do futuro agrícola.
Aluna Norma Denise
PLAGEDER/UFRGS
Os atores sociais rurais têm suas peculariedades, ações singulares que devem sempre ser respeitadas. Em sua regionalização o agricultor tem seus hábitos já estabelecidos.
Na antiguidade o homem aprendeu que plantando seus alimentos conseguiria ter o sustento alimentar, mesmo sem ter a consciência deste fato. Anterior ao século XX o homem rural plantava em sistema campesinato com a finalidade do sustento da mesma; suas ferramentas eram rudimentares como o carro de boi para o preparo da terra.
Após o século XX com a industrialização e mecanização da agricultura os agricultores com pequenas e médias propriedades iniciou um processo de perda para os latifundiários, pois os insumos e implementos agrícolas foram se aperfeiçoando para o aumento de produção (não significa qualidade do produto) e estes cada vez mais valorizados economicamente marginalizaram os atores sociais rurais mais humildes.
Apartir deste fato surge o aumento desenfreado do êxodo rural. Famílias inteiras desintegradas de certa forma na busca de emprego nas grandes cidades. Muitos venderam suas terras a grandes proprietários lindeiros e foram trabalhar em indústrias. Outros resistiram e ficaram em suas terras porem trabalhando em terras vizinhas como empregados e seus descendentes após pouco grau de instrução partiram para grandes cidades em busca de estabilidade financeira. Mas a realidade é cruel. Vários desde atores sociais rurais se tornaram marginalizados nas cidades, pois o custo de vida nelas é bem maior que nas áreas rurais. Formaram pequenas vilas de moradias mal estruturadas e alguns se perderam com falsas promessas e ilusões de algumas pessoas.
A mecanização das lavouras, a tecnologia que avança de ano a ano, os insumos agrícolas com agravantes ao meio ambiente, mas sem as devidas análises com relação ao futuro ambiental do mundo, apenas com a finalidade de alta produção e vantajosos economicamente a um pequeno percentual de produtores muito bem amparados até mesmo pelo poder publico constitui e promove até os dias de hoje o aumento do êxodo rural. Atualmente a grande maioria dos micros, pequenos e médios proprietários rurais são sitiantes de final de semana. Para reverter à situação e auxiliar a valorização destes atores sociais precisamos de políticas publicas de incentivo e apoio a estes citados.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, temos lugares belíssimos ainda nem explorados que não pertencem a reservas ambientais de proprietários resistentes as novas tecnologias de exploração indevida de terras, sabemos que este fato está cada vez mais raro. Aqui mesmo, em Arroio dos Ratos ainda temos lugares muito pequenos é verdade porem lindíssimos, cito como tal a região do Rincão dos Américos.
As famílias rurais têm suas diversidades culturais de acordo com a regionalização. Dentro da agricultura familiar o trabalho é dividido em tarefas destinadas a cada membro, a mulher, por exemplo, tem suas atividades no lar e ajuda onde for necessário (plantio, colheita e preparo para comercialização), e na realidade toda a família se integra para que a produtividade seja rentável e abasteça seu próprio sustento. Este é uma das maneiras mais promulgadas e bem sucedidas a longo espaço de tempo de uma agricultura sustentável.
A crise ambiental é um assunto hoje muito discutido e até esta se tornando uma matéria obrigatória em escolas desde o ensino fundamental, bem como em reuniões de pautas sociais locais, regionais e mundiais. O assunto é preocupante, não se trata de simplesmente uma moda ou um assunto para exploração de mídia (a mesma nem a devida importância dão a estes fatos, pois não reverte em lucros então não consideram de vinculação - raros são os programas que tratam do mesmo e os poucos existentes não são exibidos em horários de grande audiência). Os problemas ambientais surgiram com a evolução agrária tecnológica e econômica, como a meta é lucratividade e não qualidade; foram realizados vários processos de pesquisas de transformações químicas para aumento de produtividade. Com isto o solo foi degrado, o ar foi poluído, a água contaminada em praticamente todo o globo terrestre. Surge então em meados da década de 50 e 60 uma consciência entre cientistas e especialista da importância de discutirem a formas tecnológicas de plantio e os problemas dos grandes centros urbanos (estes assuntos porque estavam sendo constatados os primeiros sinais degradantes e de mutações terrestres).
Alguns impactos ambientais já citados por vários autores em revista tecnológica e científica, livros e programas televisivos especializados no assunto são a degradação do solo devido às erosões provocadas pelo desmatamento, às queimadas, insumos de grande grau tóxico, a silvicultura e a monocultura, o degelo que atinge todo o globo apartir dos pólos, o buraco da camada de ozônio, a alta produção de dióxido de carbono e outros; fatores que mesmo estagnados hoje levariam em média mais de meio século para iniciar um processo de restabelecimento dos planos degradados.
A população mundial tem se conscientizado dos fatos e dos fatores que ocasionam toda esta crise, porém é difícil mudar hábitos quando quem detém o poder econômico e político pouco incentivam e dão exemplos contraditórios de subsistência. A luta para a conscientização tem partido no mundo por ambientalistas (muitos mal vistos pela sociedade de camadas com menor grau de instrução – massa popular motivada pela mídia consumista), por estudiosos (redes de ensino, pesquisadores, cientistas), e por membros da ONU.
Acredito que a regionalização da agricultura, bem como a valorização dos atores sociais rurais e o incentivo aos pequenos proprietários será o caminho para o desenvolvimento rural sustentável e nós alunos do PLAGEDER devemos diante dos nossos restritos conhecimentos conscientizarem e auxiliar as populações rurais de nossos municípios como forma de apoio e ampliação de nossos próprios conhecimentos postos em prática. E, igualmente, depois de formados temos a obrigação de assumirmos nossas responsabilidades no auxilio da criação de políticas publicas sustentáveis e funcionais nunca esquecendo que as mesmas devem ter baixíssimo índice de impacto ambiental (pois tudo que os serres intervém provocam impactos), ainda assim não totalmente detentos do saber prosseguir nossos estudos através de pesquisas e pós graduação.
Nos poucos e valiosos conhecimentos já adquiridos durante esta graduação posso dizer que temos que “arregaçar as mangas” se quiser ter um futuro melhor, não devemos nos deixar abater pelos problemas que encontraremos bem como os que já se estabeleceram numa perspectiva sócia cultural econômica histórica que nos rodeia a mais de um século.
Eu, tento fazer dentro das minhas possibilidades o que considero correto, divulgo e trabalho na pratica diariamente a consciência ecológica com meus alunos, faço parte como membro, já havia citado, da Associação de Moradores do Rincão dos Américos (uma região do município de Arroio dos Ratos) e dentro do mesmo como membro da comissão do meio ambiente com a função de divulgar alguns conhecimentos e auxiliar uma vistoria de preservação do local.
Referências bibliográficas:
Mazoyer, Marcel e Laurence Roudart – História do Neolítico à Crise Contemporânea das Agriculturas do Mundo – editora Instituto Piaget , p. 433-490
Soglio, Fábio Dal e Rumi Regina Kubo – Agricultura e Sustentabilidade – EAD série educação à distancia SEAD/UFRGS – editora UFRGS – texto Reflexões Socioculturais A Cerca do Mundo Rural (Josiane Carine Wedgi) – p.47- 62